Construtoras de alto padrão apostam em imóvel popular

Empresas que atuam em construções de luxo vão entrar no ramo superecônomico, prevendo aumento de moradias do programa

 

Construtoras que atuam com imóveis de alto padrão es- tão vendo o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) como uma aposta segura.

O vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES) Alexandre Schubert disse que, nos próximos anos, 60% dos imóveis lança- dos serão parte do programa:

“É tendência nacional. Temos um déficit habitacional enorme, e a reformulação do programa o tornou mais interessante para as em- presas, mesmo aquelas que não têm histórico de atuar no MCMV.” Um exemplo é a Pinheiro de Sá Engenharia. O diretor comercial

da empresa, Ricardo de Paiva Oliveira, detalhou que a empresa, além de atuar com condomínios alto padrão, entregou recentemente seu segundo empreendimento do MCMV, o Vivendas Tropical em Jardim Tropical, na Serra.

Ele contou que a empresa pre- tende lançar nos próximos anos outras unidades enquadradas no programa: “Um exemplo é o Vi- venda Coqueiral, em Vila Velha que está em pré-lançamento e te- rá unidades de dois a três quartos. A maioria das de dois quartos serão enquadradas no MCMV.”

O Grupo Ilha Construtora atua tanto com imóveis de alto padrão quanto com moradias populares. Seu sócio José Agenor Costa detalhou que a empresa vai expandir sua atuação no MCMV: “Estamos com uma atuação intensificada em Cariacica e em Cachoeiro.”

A Faixa 3 de renda do programa, voltada para quem tem renda de R$ 4.400 a R$ 8 mil, é um dos atrativos e também um desafio para as construtoras, já que é o público que exige produtos de qualidade.

Para Joacyr Meriguetti , diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-ES), a procura por imóveis nessa faixa sempre existiu, mas, em alguns casos, os clientes não buscam como opção de primeiro imóvel, e sim para trocar para um melhor. “As alterações nas regras possibilitaram aumentar o leque do mercado, atendendo a um público antes não atendido.” E há ainda uma quarta faixa de renda, com teto de R$ 12 mil e com foco na classe média está para ser anunciada pelo governo. A medida atenderia um pedido tanto dos consumidores quanto do mercado.

Só a capital fica de fora dos projetos na Grande Vitória

Nos próximos anos, municí- pios como Serra, Vila Velha e Cariacica estão previstos para receber uma fartura de novos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. Vitória, porém, tende a ter uma escassez nos investimentos nesse segmento.

Lista divulgada em novembro do ano passado pelo governo federal com as propostas de empreendimentos habitacionais que foram aprovadas para o pro- grama mostra bem a tendência para os próximos anos.

Dos 12 empreendimentos listados no Estado, quatro estão em Vila Velha, dois na Serra, dois em Cariacica, dois em Linhares, dois em Cachoeiro de Itapemirim, e nenhum na capital.

Vitória é tem alta taxa de necessidade, mas não tem terreno. Não adianta querer colocar MCMV em Vitória. Os terrenos que sobram se encaixam em pro- dutos de médio e alto padrão”, explicou o vice-presidente da Ademi-ES Alexandre Schubart.

Diretor da Torres Engenharia, Marcelo Torres disse que a situação de Vitória se trata de questão de viabilidade, e não de preferência.

O terreno em Vitória é muito mais caro. Mas com o aumento do teto do MCMV cada vez fica mais viável realizar a construção de um empreendimento mais próximo à capital”, salientou o empresário.

*Matéria publicada no jornal A Tribuna em 14 de fevereiro de 2024.

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